— Todo verão é isso: epidemia de dengue e gente morrendo. Agora, foi a minha filha. Com certeza, no ano que vem serão outras mães chorando — disse a dona de casa Teresa Cristina Pereira, de 44 anos.
Segundo ela, o carro fumacê não circula em Realengo:
—Faço a minha parte em casa e meus vizinhos também: não deixamos água parada. Mas tem esse valão terrível que passa aí na rua, onde os insetos proliferam. Ninguém nunca tomou uma atitude para acabar com ele.
Teresa contou que Gláucia começou a passar mal no dia 1, data de seu aniversário. Ela queixava-se de dores de cabeça e no corpo. Mas pensou que eram consequências da gravidez.
— A gente nunca pensa numa coisa pior. Ainda mais ela, que sempre foi uma pessoa muito saudável — lembrou a dona de casa.
No dia 5, uma quinta-feira, as dores pioraram e Gláucia foi até a Casa de Parto de Realengo. Durante o exame, as enfermeiras não conseguiram ouvir os batimentos cardíacos do bebê e encaminharam a jovem para a Maternidade Alexander Fleming, em Marechal Hermes. Lá, foi constatada a morte do bebê e que Gláucia tinha dengue.
Ela foi, então, transferida para o CTI do Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Gláucia morreu no domingo.
— De um só golpe fiquei sem minha filha e sem minha netinha — disse Teresa.
A secretaria municipal de Saúde informou que o setor de Vigilância Epidemiológica descartou o diagnóstico de dengue após exames laboratoriais. No entanto, não informou qual foi a causa da morte de Gláucia. Segundo a secretaria, até o momento, nenhum óbito foi registrado em Realengo. A secretaria informou ainda que foram realizadas no bairro, em 2011, 55 mil visitas e cinco ações de combate, que tem como objetivo vistoriar imóveis e eliminar focos.
“No Dia das Mães, enterrei minha filha”
“No Dia das Mães, quando eu deveria estar comemorando com a minha filha, eu estava chorando sobre o caixão dela, no Cemitério do Murundu. Não desejo isso para mãe alguma. E o pior é que eu sei que daqui a algum tempo, não muito, vocês vão estar entrevistando outra mãe que também terá perdido sua filha ou seu filho para essa doença. Ano após ano é a mesma coisa e ninguém faz nada. Quantos vão precisar morrer para que as autoridades se mexam?”
Depoimento da mãe de Gláucia, a dona de casa Teresa Cristina Pereira
Fonte: Jornal Extra
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