Transformar dor em esperança. Esse é o objetivo de Rodrigo Kopke, 24 anos, baleado na cabeça em 2009 em assalto quando saída da PUC, na Gávea. Após passar por cirurgia em que armazenou parte do crânio no abdômen para conservá-lo até recolocá-lo e se recuperar sem sequelas, ele conforta famílias de vítimas do drama que ele superou. Na última semana, ele se encontrou com Cláudia Ferreira, 27, mãe de Ana Carolina, 9, que, brincando com a arma do pai, fez disparo contra a cabeça, em Guaratiba e passou pela mesma cirurgia.
A recuperação da menina vem sendo considerada promissora. Já deixou o CTI e respira sem ajuda de aparelhos. Há 19 dias, ela está com a calota craniana (parte superior do crânio) no abdômen. O objetivo é manter o osso irrigado, enquanto o cérebro desincha para evitar aumento da pressão intracraniana.A conversa de cerca de uma hora com Rodrigo trouxe otimismo. Ele contou como foi sua recuperação, sem esconder os obstáculos. Nos três meses em que ficou com a calota craniana no abdômen, teve fortes dores de cabeça. “E perdi o movimento do braço esquerdo. Mas essas dificuldades podem ser superadas, fazem parte da recuperação. Hoje não tenho mais nenhum dos dois problemas”, comemora.
Recuperação considerada milagrosa
Segundo o chefe da Neurocirurgia do Hospital Miguel Couto, Ruy Monteiro, que participou das duas operações, a recuperação do jovem foi surpreendente e o quadro de Ana Carolina, satisfatório. “Ela está com restrição motora parcial no lado esquerdo, mas há relatos animadores da enfermagem”, revela Monteiro.Após baleado, Rodrigo teve recuperação considerada milagrosa. Três dias depois de retirar parte do crânio, já estava consciente e falava. “Quando entrei na cirurgia falaram para minha mãe que eu tinha 90% de chances de morrer. Se sobrevivesse, ficaria em estado vegetativo”, lembra.Sem a cirurgia, ela teria cerca de 90% de chance de morrer em 72 horas após o tiro. Hoje, não corre mais perigo: “Outra forma de armazenar o crânio é mantê-lo a 70 graus negativos, mas não temos equipamento na rede pública”
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