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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Moradores da Vila Kennedy fazem protesto na Zona Sul para chamar atenção sobre a guerra de traficantes na comunidade


 Cansados de não serem ouvidos na região onde vivem, moradores de Vila Kennedy, em Bangu, na Zona Oeste, foram até a Zona Sul para chamar atenção das autoridades. Desde maio, a comunidade que virou bairro sofre com uma disputa de facções rivais que já deixou 24 mortos. Na madrugada desta sexta-feira, com o apoio da ONG Rio de Paz, um grupo fincou uma faixa na Praia de Copacabana e outra no Aterro do Flamengo, com a mensagem "Vila Kennedy: Abandono, Sangue, Medo".
Na Praia de Copacabana, na altura da Rua Princesa Isabel, os manifestantes também enterraram partes de um boneco para representar todos os mortos.
As faixas são ilustradas com uma foto do ex-presidente americano John Kennedy com um X na boca. O bairro foi batizado em homenagem a ele, pois foi criado graças a verbas do programa Aliança Para o Progresso, de Kennedy.
Os moradores relataram que uma facção criminosa se apoderou de parte da região. E os traficantes que atuavam na área tentam retomar o controle desses locais. Segundo eles, desde maio os tiroteios são constantes, e a população fica no meio sem saber o que fazer.
Sem se identificarem por temerem represália, os moradores que estiveram nos locais onde as faixas foram fincadas contaram sobre a insegurança do bairro e a dificuldade de se viver em uma comunidade dividida por forças inimigas:
- O clima está pesado. Sempre que anoitece, tem tiroteio. Com essa guerra, a Vila Kennedy está perdendo de várias formas. O comércio, por exemplo, está definhando, as pessoas não querem mais comprar lá, alguns estabelecimentos até mandaram funcionários embora. As crianças não estão indo para a escola - relatou um morador.
O conflito já provocou 24 mortes. Algumas delas, segundo os relatos, são de pessoas que não aceitaram integrar a quadrilha que tenta dominar o bairro. Os moradores contam que os traficantes invasores vão às ruas recrutar novos "soldados" para o bando. Quem não aceita é morto pelos criminosos. Ainda de acordo com os moradores, um desses casos aconteceu após um protesto, que reuniu 3 mil pessoas pedindo o fim do violência:
- O rapaz foi morto na porta de uma escola. Os traficantes o intimaram a entrar para o grupo, ele se negou e o mataram ali mesmo. Essa foi a resposta dos traficantes para o nosso protesto - relembrou uma testemunha do homicídio.
Atualmente a Vila Kennedy é regida por duas leis, as das facções rivais. A lei do Estado passa longe. Recentemente, um vendedor de gás perdeu toda a sua mercadoria porque, ao respeitar um grupo, desobedeceu o outro. Antes da invasão, os traficantes cobravam ágio sobre a venda de gás. Agora, com os novos criminosos atuando na região, a ordem era de que o valor não deveria ser cobrado. Em respeito à nova determinação, o vendedor de gás não cobrou a taxa. Os antigos traficantes, ao saberem disso, tomaram toda sua mercadoria.
Os moradores cobram maior atuação da Polícia Militar na região. A sede do 14º BPM (Bangu) fica no bairro, que por ser cortado pela Avenida Brasil, também recebe o patrulhamento do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv). Além disso, dois Destacamentos de Policiamento Ostensivos (DPO) estão instalados no bairro.
- Nós não precisamos de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Só queremos que a Polícia faça o seu trabalho direito. Nosso bairro tem dois batalhões e dois DPOs. Como pode o 14º BPM não ter controle sobre o quintal de sua própria casa?- indagou um dos moradores.
O Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, já prometeu uma UPP para a região. Porém, não estabeleceu um prazo. Nesta quinta-feira, o novo comandante do 14º BPM tomou posse do posto. Antônio Henrique de Oliveira assumiu no lugar de Djalma Beltrami, que ficou pouco menos de um ano no cargo. De acordo com a Polícia Militar, essa troca já estava prevista. Na mesma ocasião, outros 22 comandantes de batalhões também foram trocados.
Nesta quinta-feira, a Polícia Civil anunciou a prisão de um dos principais responsáveis pelos conflitos na Vila Kennedy. O traficante Jonata Crescêncio de Oliveira, o Gão, de 21 anos, é apontado como braço armado de Fabinho Noronha, chefe do tráfico da comunidade. Fabinho trava uma batalha por território contra Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, que foi preso por policiais da 44ª DP (Inhaúma).
Fonte: O Globo

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